“Meus Desacontecimentos: a história da minha vida com as palavras” – Um livro de Eliane Brum
Livraria A Casa de Vidro >>> http://bit.ly/2lOk375
“Viver, Catarina, é rearranjar nossos cacos e dar sentido aos nossos pedaços, novos ou velhos.”
Revista Fórum – Em “Meus desacontecimentos”, Eliane revisita sua própria história em busca dos sentidos que a palavra escrita assumiu, em várias etapas de sua vida
Em “Meus desacontecimentos”, a jornalista revista cenas e detalhes simples, mas marcantes, do seu passado, como a “casa-túmulo” em que morava, um jardim de flores caótico, a mulher acidentada embrulhada no plástico, o desconforto com a lembrança sempre presente da irmã morta, a luta contra a ditadura com uma caixinha de fósforos e, claro, os seus primeiros textos.
A palavra é o instrumento de Eliane para tecer significados para a própria existência, construir a sua narrativa. “Nossa vida é nossa primeira ficção”, afirma. Para criá-la, é preciso sempre interrogar os seus significados. “Parece-me que viver uma vida viva é ter a coragem de perder os sentidos duramente construídos e ter que mais uma vez pactuá-los, recriá-los, negá-los e reinventá-los.” Ela completa: “se fossem imutáveis, estáticos, nós seríamos mortos que respiram”. Logo, se a palavra escrita salvou Eliane Brum, foi para ela se perder de novo – ser “(des)salvada”. “Essa perda, ao mesmo tempo que me mata, me salva de uma vida morta”, conclui. No livro, a personagem Luzia sussurra o que parece ser a síntese desse raciocínio: “ser é perder-se”.
A relação da jornalista com a escrita é intrínseca, quase intravenosa. Para ela, cada frase, cada parágrafo, “são como carne”, viscerais. “Neste [livro] estou me sentindo nua, mais ainda do que me senti nos outros. Se tivesse colocado a tarja de ficção, talvez me sentisse um pouco vestida. Não muito, também”, confessa. Não é somente a história de Eliane que está exposta, é também seu corpo, seus sentimentos, seus significados. E, com a publicação de “Meus desacontecimentos”, ela tem um novo dilema para resolver: “Agora que me desvesti, que talvez tenha inclusive me arrancado a pele, como eu me apresento diante dos outros?”
Eliane rejeita o rótulo de “autobiografia” para seu novo trabalho. “Penso que cada leitor vai dar a ele seus próprios sentidos, a partir de suas circunstâncias. E, assim, tornar o meu livro o seu livro”, explica. O compromisso da autora é dar ao leitor as suas verdades, das quais ele vai se apropriar. “Eu cumpro o meu pacto de estar nele por inteiro. O que o leitor vai fazer com isso escapa ao meu controle, ainda bem. Não há duas leituras iguais”, completa.
A obra também é um convite para olhar para trás de maneira mais verdadeira – sem o clichê do passado “cor de rosa”. “Acho que essa idealização da infância é uma grande perda para todos”, provoca. “Olho para ela como o momento da vida em que, ao nos confrontarmos com o real, costuramos nosso ‘monstruário’ pessoal, começando a identificar os monstros que assombram apenas a nós”.
[http://www.revistaforum.com.br/2014/04/11/palavra-salva-de-eliane-brum/]
Compre na Estante Virtual: http://bit.ly/2lOk375
SIGA VIAGEM:
[youtube id=https://youtu.be/nmVH2uNEwZk]
Publicado em: 24/02/17
De autoria: casadevidro247
A Casa de Vidro Ponto de Cultura e Centro de Mídia
comentários